“finja! Crie um personagem e finja ser ele. Quem
enfrenta a realidade enlouquece, a única saída para a sanidade é uma dose de
alienação…” (Domingos Oliveira, citado por Fernanda Torres, Folha de S. Paulo
de 05.02.2011, p. E18).
No ano de 1934, durante o 6º Congresso do Partido
Nazista, a cineasta Leni Riefenstahl, documentou de maneira impressionante, com
utilização de uma magia e truques artísticos nunca vistos, a glorificação de
forma gigantesca o evento, levando os participantes e a nação alemã a uma verdadeira
catarse ou lavagem cerebral, os quais passaram a partir daquele momento, a
defenderem de forma cega tudo que o partido pregasse, transformando-se no filme
de propaganda política mais conhecido da história do cinema.
Não pretendemos, não é intenção nossa verberar que
este ou aquele chefe de governo utiliza a propaganda para alijar da mente dos
seus governados qualquer resquício crítico ou de contestação.
Mas sinceramente, para que nos convençamos
embevecidos e ufanosos de que as estatísticas jubilosas apresentadas pelo
governo estadual, cujos dados foram fornecidos de forma portentosa pelos
assessores da segurança pública, de que os crimes letais intencionais
retrocederam em quase 5% (cinco por cento), teremos que obrigatoriamente entrar
em catarse, em inebriante transe, e nesse estado alterado de todas as
faculdades sensoriais, incorporarmos um personagem e passar a fingirmos que
somos ele mesmo.
Ora, então para encararmos essa tormentosa
realidade, objetivando a sanidade, irei tomar a dose de alienação recomendada,
não sou de ferro e indago a mim mesmo: como se chamará meu personagem? Serve
Mamulengo? Então tá bom: me chamo Mamulengo e finjo que sou ele e acredito que
os homicídios, os latrocínios, as mortes encomendadas, os homicídios de
trânsito, as lesões corporais seguidas de morte, os homicídios por dívidas de
drogas, os assaltos, o tráfico de drogas, verdadeiramente diminuíram em relação
ao ano que se foi nesta gloriosa Paraíba.
Acredito mesmo, tanto é verdade, que após a
bombástica e crepitosa entrevista, sem dúvida retratada por alguma Leni
Riefenstahl, me recuso, me nego a crer, até sob pena de fuzilamento, de que DUAS
MULHERES FORAM RETALHADAS, DE QUE MAIS QUATRO MULHERES FORAM MORTAS DE UMA VEZ
SÓ E DE SOBREMESSA UM HOMEM TAMBÉM (num lugar conhecido da polícia –
Cracolândia de Mangabeira), afora outros tantos que a imprensa policial trouxe
a conhecimento do público interessado, foram executadas após a bombástica
entrevista coletiva, aliás, aliás.
Sinceramente, Mamulengo não duvida que
profissionais competentes renomados foram contratados para analisar os dados
forma técnica e independente, de que órgãos diversos, a exemplo das Secretarias
de Saúde da Capital e do Estado, Delegacias, Polícia Militar, GEMOL, imprensa
foram as fontes que atestaram a decantada diminuição e que as pessoas
fornecedoras e ao mesmo tempo analisadoras dos sedizentes dados não exercem
cargos de confiança no Establishment atual contemporâneo.
Mamulengo também finge que viu a apresentação do
PLANO DE SEGURANÇA PÚBLICA (inexistente), o qual de forma passional, acabado,
nunca copiou, nunca açambarcou aquelas possibilidades, aquelas ideias, aqueles
ideais previstos num dos melhores planos de redução da violência, ou seja, o PROJETO
DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA PARAÍBA “BAIRRO SEM MEDO”, assim como, sendo original,
não copiou vetustas iniciativas do Governo de Pernambuco.
Se torne um Mamulengo como eu, e juntos vamos
gritar afinados e altissonantes: Acredite nisto, neste, no nosso, do povo, das
famílias, das instituições: O TRIUNFO DA VONTADE e denúncias de violência é só
mesmo intriga dos que teimam em NÃO FINGIR, EM NÃO CRIAR O PERSONAGEM E FINGIR
QUE É ELE E QUE NÃO ACREDITA SER A PROPAGANDA O TRIUNFO DA VONTADE DE ALGUÉM.
Marinho Mendes Machado / Promotor
de Justiça
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