O
sucesso não existe, na verdade, as pessoas nunca devem buscar o sucesso, ele
tem que ser conseqüência de um bom trabalho.
Certa
vez um amigo me disse; “o sucesso incomoda e incomoda muito, uma vez que ele te
expõe, você passa a incomodar as pessoas menos preparadas ficando a mercê da
inveja e da ingratidão”.
Respondi a ele que o sucesso não existe, na verdade, as pessoas nunca devem
buscar o sucesso, ele tem que ser conseqüência de um bom trabalho, de fazer as
coisas certas com dignidade e ética. Sabemos que existem pessoas que buscam o
sucesso a qualquer preço e neste sentido os valores morais não têm importância.
Podemos comparar isto àquelas empresas que têm como missão apenas o lucro, ou
aqueles gestores cujos únicos valores estão inseridos em uma planilha de Excel,
neste sentido para eles o fim justifica os meios, mas, felizmente, não
conseguem sobreviver por muito tempo. O fato é que quem brilha está sujeito à
inveja e inveja é um sentimento extremamente feio, aliás, é muito mais do que
isso se trata de um dos sete pecados capitais e com certeza o maior dos
pecados.
A
inveja não brilha, esta afirmação nos faz lembrar de uma antiga estória da
cobra que começou a perseguir um vaga-lume que só vivia para brilhar. Ele fugia
rápido com medo da feroz predadora e a cobra nem pensava em desistir. Fugiu um
dia e ela não desistia, dois dias e nada... Mas, no terceiro dia, já sem
forças, o vaga-lume parou e disse à cobra;
- Posso fazer três perguntas?
- Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas, já que vou te comer
mesmo, pode perguntar...
- Pertenço a sua cadeia alimentar?
- Não.
- Te fiz alguma coisa?
- Não.
- Então por quê você quer me comer?
- Porque não suporto ver você brilhar...
Uma das causas mais influentes de nossa infelicidade é a inveja. Falar de
inveja é falar de comparação. Quando uma pessoa se compara a outra e se sente
inferior, em algum aspecto está com inveja. Não estamos afirmando que toda vez
que uma pessoa se compara a outra está com inveja, estamos dizendo que nunca
poderá haver o sentimento de inveja se não houver a comparação.
A inveja é a vivência de um sentimento interior sob a forma de frustração, de
tristeza, de mal-estar, por nos sentirmos menos, por não sermos o que os outros
são. É o desequilibro íntimo oriundo de um sentimento de inferioridade, fruto
da comparação que se faz em relação à outra pessoa em algum aspecto específico.
Quando impedimos que alguém se desenvolva em todos os sentidos, estamos
tentando esconder todas as nossas frustrações pessoais e principalmente o
prestar contas com nosso próprio potencial não efetuado. Aferir nosso potencial
perante outrem sempre será doloroso e quanto maior for o sentimento de estarmos
aquém de alguma expectativa ou de determinada pessoa, maior será a
possibilidade de se deflagrar um sentimento de inveja. Em algumas ocasiões
perdemos o controle, então, surge a vingança. Infelizmente isto se dissemina
muito mais rapidamente no mundo corporativo e quanto maior for o complexo de
inferioridade de uma pessoa mais combustível é liberado para aumentar a chama
da inveja, naturalmente, para àquelas pessoas que são fracas. O efeito colateral
disso, é que a cada dia fica mais difícil criar um clima psicológico saudável
dentro da empresa, e acabamos sendo vítimas da sabotagem social e pessoal.
A verdade é que muitas pessoas não estão preparadas para administrar suas
próprias frustrações e ficam absortas pela fúria quando as coisas não saem como
planejaram. O motivo é que estas pessoas não possuem nenhum treino para a
contrariedade ou crítica, seja construtiva ou não, é muito difícil para elas
admitir o sucesso de uma outra pessoa e o sentimento resultante é a inveja. O
invejoso não inveja o que é de uma outra pessoa, mas o que esta pessoa é. Ele
não consegue perceber que jamais poderá ser esta outra pessoa, e que insistir
nesta empreitada é perda de tempo, pois, deixa de desenvolver suas potencialidades
e deixa passar a oportunidade de brilhar com sua própria luz. O tributo maior
cobrado pela inveja é estar à sua disposição constantemente, exaurindo esta
energia negativa em direção a algo que realmente poderia dar certo. Estas
pessoas deveriam usar sua energia para construir algo realmente positivo, mas,
infelizmente, não o fazem.
Para amenizar a angustia para aqueles que sofrem as conseqüências deste
sentimento podemos dizer que as coisas ruins existem e acontecem para nos
fortalecer também, por esta razão é necessário ser otimista e encarar que estas
pessoas passam por nossas vidas para nos dar a oportunidade de exercitar
valores como paciência, tolerância e outros. Sabemos que no geral somos muito
sensíveis às experiências negativas e frustrantes, e necessitamos da novidade
para reaver nosso equilíbrio psicológico e este apenas se manifestará no ato
criativo, na certeza interior de sempre produzir algo, porém, muitas vezes a
vaidade pessoal fala mais alto.
As pessoas sempre procuram se identificar com o vencedor e muitas sofrem de um
terrível medo de a cada dia estar mais distante desse ideal internalizado. Na
verdade, a compaixão não é tanto pelo fracasso de não conseguir os mesmos
resultados de uma pessoa de sucesso, mas, principalmente, autopiedade por toda
a sua insegurança. A inveja é um dos sentimentos mais difíceis de ser aceito
pelo ser humano, embora em nossos tempos e nos meios corporativos talvez seja o
mais vivenciado, quando deveria ser o contrário onde a amizade, o
companheirismo, a ajuda mútua deveriam caminhar paralelamente. Se desde cedo o
ser humano não aprender que existirá sempre um muro para o desenvolvimento
pleno, com certeza cedo ou tarde as coisas se complicarão. Neste cenário a
única opção que temos para alcançar o sucesso na empresa e da empresa é buscar
qualidades como confiança, determinação, união e outras, ou seja, a confiança,
a entrega, a dedicação e principalmente a fidelidade a causa, ao objetivo comum
de todos. Tem que aceitar que a sociedade em que vivemos é sempre comparativa
nos seus vários instrumentos de transmissão cultural e no ambiente profissional
isto se materializa com muita freqüência.
A inveja é o termômetro dos ataques ou injustiças dirigidas, o grande problema
é achar que este sentimento é o mesmo que destrutividade o que não é verdade,
obviamente, um ato destrutivo pode ser resultante de um sentimento de inveja
acumulativo, porém, não podemos esquecer que este sentimento de inveja pode
também ser benéfico ao mostrar a nos o que causa o mal estar.
Por isso é preciso perdoar estas pessoas e seguir em frente. Perdoar sempre
será um ato que implica o extremo peso do passado, mas, temos que estar cientes
e conscientes de que haverá sempre uma energia extra e por respeito ao nosso
íntimo devemos prosseguir, isto não significa esquecer, pois, perdoar não é
esquecer é viver em paz.
Não estamos tentando convencer ninguém de que, apesar de tudo, temos que
conviver com este sentimento, estamos apenas dizendo que todos estamos sujeitos
a isso, pois no fundo, no fundo em cada sentimento de inveja existe um
sentimento de admiração. O invejoso quando vê alguém que deveria admirar, tende
a diminuir esta pessoa. Esta é a diferença entre as estrelas e os planetas.
Cada estrela é de uma grandeza, de um tamanho, como nos, mas tem sua luz
própria, brilha com sua própria luz. O planeta não tem luz própria e só
consegue brilhar através da luz das estrelas. Por isso que amigo é aquele que
fica alegre com a alegria do seu amigo e não o invejoso, que tenta roubar a
luz, a alegria do outro. Mesmo porque não se resolve a inveja, o ressentimento,
torcendo pela queda do outro, negar as próprias limitações com as limitações
dos outros não dá vida a ninguém.
É certo que nada que resulte do progresso humano é conseguido com o consentimento
unânime e aqueles que são mais iluminados são condenados a perseguir esta vida
apesar dos outros. Parece não ser incomum, no meio corporativo, a sina de se
conviver com a inveja, a ingratidão e a ambição de pessoas despreparadas, sem
visão futura e que por isso agem nas sombras. Pessoas que passam pelo bosque e
só vêem lenhas. Pessoas que carregam as características de perdedoras, que só
pensam em minimizar o risco, respeitar a cadeia de comando e não exceder ao
orçamento.
O fato é que somente quando formos padrão de nos mesmos, reencontraremos a
alegria de ser o que somos, de ter o que temos, de viver como vivemos. Somente
o exercício de autocomparação nos levará à auto-aceitação, à realização do
nosso próprio tamanho. Portanto, quando se deparar com este tipo de sentimento
ao longo de sua jornada seja você mesmo, ou melhor, seja mais você.
Rubens
Fava
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