“Lembrai-vos
dos encarcerados, como se vós mesmos estivésseis presos com eles. E dos
maltratados, como se habitásseis no mesmo corpo com eles.” (Hb 13, 3).
Sintonia
II: “Presídio não pode ser um lugar bom”, diz gerente de ressocialização. (PARAIBAEMQAP).
Li
estarrecido essa declaração de quem nunca poderia fazê-lo. Essa fala foi feita
no interior do 2º Batalhão de Polícia Militar de Campina Grande e sua autora é
nada mais, nada menos do que a Gerente de Ressocialização da Secretaria de
Administração Penitenciária do Estado da Paraíba, dando azo a se pensar: Se
essa tal de ressocialização é algo inexistente, a declaração encontra-se muito
bem feita, já que quem a proferiu, também, desgraçadamente, ainda não se deu
conta de que sua gerência é a gerência do nada, já que não existe um projeto
político estatal de ressocialização, podendo-se verberar também, que são existe
projeto não pode existir gerência e gerente, tudo é na base do faz de conta.
Mas só os que possuem humildade podem captar tal fenômeno e lançar um olhar
crítico e humano sobre ele.
A
ressocialização “sapientíssima gerente”, tem o intuito de trazer a dignidade,
resgatar a auto-estima do detento, trazer aconselhamento e condições para um
amadurecimento pessoal, além de lançar e efetivar projetos que tragam proveito
profissional, entre outras formas de incentivo e com ela os direitos básicos do
preso vão sendo aos poucos sendo priorizados, ou seja, é todo um trabalho
dirigido à reintegração social, já que cedo ou tarde, os apenados novamente
ganharão às ruas.
Bafejei na
fala um inteiro despreparo de quem é nomeada para gerar condições de
humanização e respeito, e no discurso inoportuno, encontra-se embutidas três
terríveis provocações: é uma justificativa à falta de competência para criar e
desenvolver a política ressocializadora, é pré-conceito latente e infenso à
essa ressocialização, bradando que preso não merece nada, ou em último caso, é
alguém que ainda não possui atitude suficiente para dizer uma coisa frente aos
presos e o mesmo ponto de vista frente aos agentes penitenciários ou policiais,
postura que exige uma forte formação em todos os sentidos, senão, quando na
presença de poucos presos e em comemorações montadas e preparadas para
parecerem que no sistema ta tudo bem, se louva os presidiários e na companhia
dos que integram o sistema passa o pensamento de que: eu quero é que eles se
danem, se explodam.
Mas antes
de pensar outra idéia: Por favor, me diga o que é presídio bom? Seria com
camas, asseio, respeito, trabalho, educação, cursos profissionalizantes?
Diga-me mais: Você gostaria de morar num presídio bom?
Você
também não conhece a Constituição Federal que estatui que a pena não pode
passar da pessoa do criminoso, e a douta e ilustrada gerente ao defender
presídios maus, é claro que advoga que os filhos dos segregados também
amarguem, purguem e espiem junto com eles a pena aplicada.
Mas o que
é prisão boa mesmo Senhora Gerente? Gerente do nada, pois é de conhecimento
corriqueiro, a inexistência de um projeto de ressocialização na Paraíba. Diga-me,
insisto, o que é um presídio bom? Que não deve existir segundo sua sábia
peroração lá frente aos policiais do 2(UP1) º BPM e me diga como deve ser o presídio
mau, que desagrade e crie ojeriza e nojo aos filhos dos apenados que a senhora,
pelo menos em tese, deveria ressocializar?
Sua fala
sugere que os presídios da Paraíba devem continuar como estão, ou seja:
masmorras vergonhosas, veja o do Roger, fossas putrefeitas e saunas fedidas,
insalubres. Se pensas assim, também pensas que um cursinho de bordado, uma
alfabetização de alguns, um curso de um artesanato duvidoso é ressocialização.
Não, ressocialização é muito mais, se dê conta, não aceite viagens e nem
diárias para discursar em nome de secretários e acerca de algo que é uma
aleivosia, metafísico e fique na “gerência” em João Pessoa mesmo e elucubre um
projeto de verdade, palpável, patente, concreto, pois enquanto a senhora pensa
que gerencia, em encontros de quartéis, tudo que emana de visível de sua
gerência, é sua fala equivocada, e se o governador me ouvisse, te dispensaria
em nome do projeto de governo que ele encarna e sonha vitorioso e que você
prejudica, talvez por não ter bem claro o que seja ressocialização e muito
menos saber responder O QUE SEJAM PRESÍDIOS BONS.
Promotor Marinho
Mendes
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