Todo político teme perder. Seja o próprio poder, uma oportunidade, uma eleição, seus aliados e assessores. Os mundos da política e da vida privada são muito diferentes entre si, mas mantêm indiscutível relação. Na política, um dos sentimentos mais fortes com o qual tem que se lidar é o ciúme.
O político é um ser competitivo, ambicioso, aquisitivo e treinado para a luta. Inevitavelmente insatisfeito e inseguro, ama, odeia, esquece, despreza, bajula, briga e reconcilia-se com enorme facilidade e freqüência. Acima de tudo, é territorial e possessivo: defende seu espaço (num amplo sentido, como tudo o que considera seu). Bom, aqui na região do Vale do Mamanguape têm vários.
Nesse meio carregado de incertezas e inseguranças, no qual os apoios e alinhamentos são acertados pela palavra - sempre uma frágil garantia - a competição é permanente e incessante.
Como não pode saber, com segurança, a extensão das perdas e traições que ocorrem na sua base de apoio, o político torna-se uma pessoa de sensibilidade com sua imagem e os sinais de perigo. Dentre estes, talvez o mais assustador seja o que diz respeito à lealdade.
Nenhum princípio é mais valioso para um político do que a lealdade, sempre vigiada de perto pelo ciúme.
Quem trabalha com um político percebe o quanto o ciúme ocupa a sua mente e orienta a sua observação. Períodos eleitorais, então, são momentos críticos, nos quais esta preocupação acentua-se.
O ciúme do político não se dirige apenas - e nem principalmente - contra seus adversários e inimigos. Para estes, há barreiras que bloqueiam o relacionamento. Os verdadeiros alvos são os aliados, os membros do mesmo partido ou coligação que, embora compartilhem um projeto político, cultivam seus próprios planos. De qualquer forma, em nenhuma hipótese subestime a potencialidade do ciúme nas relações políticas.
Por Lenilson Balla
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