O personagem de desenho animado Bob Esponja pode prejudicar a atenção e a capacidade para aprendizado em crianças de 4 anos, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira (12) na revista médica "Pediatrics".
Segundo a cientista Angeline Lillard, autora principal do trabalho, somente 9 minutos de exposição ao desenho são suficientes para afetar os garotos. A velocidade do desenho é apontada como o fator que desconcentra os jovens telespectadores.
O trabalho foi realizado com 60 crianças, que foram divididas em grupos para assistir ao desenho da esponja falante ou a episódios de "Caillou", uma atração na qual a ação é mais devagar. Uma terceira opção disponível era pintar.
Nove minutos depois, as crianças passaram por testes para medir as funções mentais. Ao término da avaliação, os cientistas descobriram que o pior desempenho veio dos garotos espectadores de Bob Esponja.
Outro teste, que mediu a impulsividade das crianças, mostrou que o desenho deixa as crianças ansiosas, já que elas demoraram apenas 2 minutos e meio para atacar os lanches oferecidos como brindes. Os outros dois grupos de garotos levaram, no mínimo, 4 minutos para abrir os pacotes de comida.
A média dos episódios de desenhos infantis é de 22 minutos. Para Dimitri Christakis, especialista em desenvolvimento infantil do Hospital de Crianças de Seattle, nos Estados Unidos, assistir a episódios inteiros pode ser ainda mais nocivo à saúde dos jovens de 4 anos, mas lembra que são necessários outros estudos para provar esse efeito. Ele escreveu um editorial na revista para alertar aos leitores como a exposição midiática também é uma questão de saúde pública.
Pesquisas anteriores já mostravam como a exposição demorada à TV está ligada ao déficit de atenção em crianças. Agora, os pesquisadores defendem que mesmo uma curta exposição à rapidez das imagens de desenhos como Bob Esponja podem afetar os jovens, o que deve servir de alerta aos pais, segundo Lillard.
O porta-voz da rede de televisão Nickelodeon, responsável por transmitir o desenho, afirmou que a faixa etária da atração está entre 6 e 11 anos. Para a autora do estudo, o caso do Bob Esponja não é único, já que o problema está na velocidade das imagens, que pode atrapalhar os jovens em atividades que necessitem de atenção como o estudo.
Lillard afirma que as crianças não foram diagnosticadas com problemas de atenção anteriores e tiravam as mesmas notas em avaliações oferecidas pelos pais.
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