“Tenho
visto demasiado ódio para querer odiar”. (Martin Luther King )
Meus
ilustrados e raros leitores, a vida é maravilhosa, contudo, no meu simplório
sentir, ela só tem essência, se for dirigida para o bem, e é por tal percepção
que carrego desde os mais tenros anos, fico a refletir sobre fraquezas de
atitudes que vejo no cotidiano, debilidades que em certos momentos me deixam
até depressivo e desencantado com a minha classe animal, e indago o motivo das
pessoas carregarem atitudes tão mesquinhas, sendo incapazes de amar, apesar de
se dizerem amantes e solidários, inábeis na adoção de uma doutrina religiosa,
mas se dizem tementes a Deus.
Vejam
casos simples, que demonstra a realidade do que escrevo: Certo dia recebi em
meu gabinete uma irmã e um irmão que discutiam sobre o recebimento da
aposentadoria da genitora, fiz de tudo para reconciliá-los e instiguei se
acreditavam em Deus e um chegou a me dizer que era dirigente de um dos
movimentos da sua igreja, então pedi que se abraçassem e se perdoassem, ao que
o irmão, que se encontrava com um terço nas mãos disse: “nem que Jesus, aquele
em quem acredito me pedisse”.
Doutra
feita, uma senhora, Ministra da Eucaristia, queria porque queria que o esposo
saísse de um quartinho dos fundos onde já habitava há muito tempo. A
justificativa: ela não tinha tempo para fazer comida para ele e não ia dividir
a sua com o ainda marido e mesmo uma filha se dispondo a cozinhar e tratar do
pai, ela não aceitou, queria a saída do esposo idoso e doente. No momento,
tinha em seu pescoço um rosário e vestia uma camisa com a foto de Nossa
Senhora.
Mais recentemente,
um rapaz que chegou do Rio de janeiro, comprou uma vaca e deu na meia para um
irmão da igreja, os dois são evangélicos, sendo o que recebeu a rês um senhor
já idoso. Acontece que após dois anos no Rio de janeiro, o irmão mais jovem foi
verificar como se encontrava a criação e ao perguntar sobre nossas vacas, teve
como resposta do outro: “que vacas? Você não acha que o meu trabalho durante
dois anos não já pagou a sua metade?.
Mas tenho
visto de tudo, filhos usurpando os bens dos seus pais idosos, enganando irmãos,
outros especialistas em tomar terras de pequenos agricultores, irmãos se
digladiando por partilha de pequenas glebas e agora, ladras e ladrões
travestidos de corretores de empréstimos roubando humildes velhinhos.
Mas também
vejo pessoas tidas e havidas como boas pregarem a pena de morte para
estupradores, assaltantes, baterem palmas para uma imprensa violenta que
aplaude policiais truculentos e vitimiza e criminaliza somente os pobres e
agora, se colocam pela redução da maioridade penal, sem saberem que este país
não fornece os instrumentos de apoio integral à inserção social de menores e
familiares, para depois, aí sim, ter moral para cobrar, para punir. Mas somente
punição senhoras e senhores, vai adiantar alguma coisa?
E o pior
de tudo, essas pessoas votam mal, são responsáveis pelo atraso das suas cidades
e da sua gente, já que votam em oligarquias ultrapassadas e sem compromisso, e
não detém a capacidade de lançar um olhar sobre os verdadeiros opressores,
salteadores, membros das mais periculosas súcias. Infelizmente, essas pessoas
ou aplaudem ou não possuem coragem para apontá-los como a principal causa da
miséria, da prostituição, da violência e da corrupção de menores, que depois se
transformam em maiores criminosos. É mais fácil apontar defensores de direitos
humanos, cujas ações, inibem ações corruptas de autoridades civis, militares,
judiciais em qualquer espaço do globo.
Lembremos-nos
do que disse Sigmunt Bauman, de que todos nós somos culpados pelo surgimento de
um bandido sanguinário, pois viramos à cara para eles quando estão em formação.
Não denunciamos os abusos que vemos o vizinho praticando, não apontamos os
pedófilos quando membros de altas castas e só depois, surgido o fenômeno,
pedimos de logo linchamento, morte, trucidamento. Mas com que moral, senhor,
logo você que vive de joelhos e omisso, que chega a se urinar de pânico, de
pavor se tiver que denunciar um bandido fardado ou empalitozado? Mas que se
sente confortável em exigir pena capital e condenar militantes de direitos
humanos. Sabe por que você faz isto? Porque sua formação ética é distorcida e
por conta disto, você se contenta em praticar fraquezas no cotidiano, pensando
que elas animarão a tua alma doente e infeliz, a alma do rancor e da
frustração, que se contenta como dito, em assacar ataques contra os que se
encontram no caminho certo e valorosos, são capazes de grandes gestos,
notadamente de coragem, de retidão, de destemor.
De forma
que existem pessoas que se dedicam a desqualificar as demais, sem nem ao menos
conhecê-las, passam suas vidas na prática de condutas rancorosas e medíocres,
pois covardes e sem formação moral, religiosa, familiar e social, cuja ausência
dessa formação lhes levam a agachar ante os poderosos, agradando-os,
bajulando-os, acocorando em mesuras e se levantando de forma virulenta contra
quem ousa enfrentá-los, sendo certo afirmar, que uma sociedade composta de
seres fracos, é uma sociedade violenta, escutem rádios, jornais e redes
sociais, que você se surpreenderá com a agressividade, bestialidade dessas
pessoas, que só pensam em vingança e inexplicavelmente, numa atitude de revolta
com o mundo, dizem logo: É CULPA DOS DIREITOS HUMANOS.
Promotor
Marinho Mendes
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