Caros
leitores, os Conselheiros dos Direitos Humanos do Estado da Paraíba não usam
máscaras, não se utilizam da clandestinidade, mostram seus rostos, suas ações,
respeitam a todos, zelando pelo nome dos bons policiais, militares, civis e
agentes penitenciários, inclusive defendendo-os quando vítimas de perseguição,
de abuso moral e outros atos miúdos que vez por outra alguns desses valorosos
servidores são alvos.
Não
usamos máscaras, tanto é que percorremos os gabinetes da OAB, dos Ministérios
Públicos Estadual e Federal, buscando a nomeação de concursados para o setor
penitenciário e da segurança pública, além de realizar busca ativa em prol dos
direitos desses abnegados trabalhadores.
Nós
somos mulheres e homens trabalhadores, eu por exemplo já fui agricultor (já
puxei enxada), ajudante de pedreiro, de caminhão e aos 14 anos de díade fiquei
órfão de pai e mãe, trabalhei como empregado doméstico, levava três filhos do
patrão para a escola todos os dias, um no cangote e outros nos quartos e depois
lavava a casa e fazia a comida, somente aos 16 anos vesti uma cueca, meu patrão
mandava costurar o calção, mas não comprava a cueca e aos 17 calcei o meu
primeiro sapato, um kichute comprado no meio da feira da minha cidade, num fim
de feira . E por isto mesmo, nem eu e nem meus colegas não fazem uso dessa
alegoria, que mais se adequa a covardes, pusilânimes, desinformados, que
ignorando causas, sonhos, ideais, lutas, simplesmente, de forma perversa,
difamam e infamam essas pessoas, cujo salário, é simplesmente o prazer de ter
contribuído com uma boa causa, a causa daqueles que são invisíveis, por serem
miseráveis, ou visíveis por carregarem nos ombros uma pecha que essa sociedade
lhes tatuou, seja ela qual for, inclusive a de criminoso.
Não,
não usamos máscaras, não somos míopes, como Promotor de Justiça já roguei pela
condenação de dezenas de acusados, hoje presos e componentes do nosso sistema
prisional, e continuarei fazendo isto, não viverei para ver homicídios,
estupros e outros delitos vis de cima de uma guarita, onde pretensamente,
alguém recebendo dinheiro do Estado, dos contribuintes, se omite, por covardia,
por descaso ou por puro sadismo. Não, isto não farei e meus colegas não farão
nunca, inclusive, sem a farda que não é sua, é de todos nós, sem o fuzil que você
colocou entre as pernas que tremiam de medo ou de concupiscência, de forma que
você, medrosamente, terrivelmente ajoelhado às trevas da omissão insana,
perversa e ignominiosamente criminosa, deveria ter feito, mas não fez.
Não
usamos máscaras não, não vivemos em gabinetes, eu pelo menos ando numa moto YBR
ano de fabricação 2007, vou a todos os lugares, faço muitas vezes o seu
trabalho, pois policio ruas, vou atrás de traficantes, de sórdidos ladrões, mas
também, sem máscara, temos vários programas sociais na nossa promotoria e agora
no CEDHPB, para os idosos, crianças, adolescentes, adultos, sempre em nome de
um grande projeto que até hoje o nosso governo não deu notícias, pois ele
deveria ser o titular, “CRIAÇÃO DE UMA CULTURA DE PAZ”.
Não
usamos máscara não senhor, nós somos a favor das vítimas da violência urbana,
racial, do enfermo, do portador de HIV, e enquanto você que só atira pedras em
nós e nem a você nunca nos dirigimos, mas respeitamos, estávamos em Mari
levando solidariedade às vinte vítimas de homicídio somente em seis meses (Mari
é uma das cidades mais violentas do mundo), cobrando das autoridades
constituídas providências e enquanto você destila sórdidas verrinas contra nós,
lhes informamos que iremos à Queimadas, também cobrar diligências do governo e
levar a mais irrestrita solidariedade às mulheres e famílias vitimadas na
terrível tragédia do mês de fevereiro passado.
Não
usamos máscaras, não fazemos apologia ao crime e nem aos criminosos, mas isto é
comezinho na formação humana, tanto é que se encontra nos nossos regramentos,
que uma vez segregado, o ser humano, por mais reprovável que tenha sido sua
conduta, não poderá ser submetido a tratamento desumano e cabe ao Estado
envidar esforços para manter a sua vida com dignidade, além de incumbir à
entidade de direito público o combate ao crime perpetrado por ele, mas acima de
tudo, cobrar dos seus agentes o mais legítimo respeito ás leis (mas você acha
mais bonito que um agente público, armado, em grupo, em tormentosas noites,
espanque essas pessoas, se nivele àquilo que você mesmo condena e concorda com
isto, aí já é um problema de inversão de caráter e não temos jeito).
De
forma que não usamos máscaras, nem pretas, nem de cor nenhuma, e é até
anticristão defender quem as usam, para torturar presos, seja sob qualquer
acusação, nas caladas da noite, nas noites frias e tenebrosas da insensatez, da
falta de atitude humana, da covardia intolerável, quando deviam tirar as
máscaras de fracassados tão bem escondidas e não assumidas e vir construir um
novo cenário, o cenário da construção de uma nova ordem, inclusive de que como
servidor estatal, também deve o mais cristalino respeito à legalidade.
Assim,
mais uma vez, não usamos máscaras, nos mostramos de forma colorida e sem nenhum
remorso, medo, subserviência, recalque e por sermos bem resolvidos, repito: NÃO
USAMOS MÁSCARAS, garanto, me responsabilizo.
Promotor
Marinho Mendes
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